Um levantamento da instituição PwC, intitulado Pesquisa Global com Investidores 2023, revelou que 98% dos investidores (nove entre dez) percebem a existência de dados não certificados durante a análise de relatórios de sustentabilidade. O estudo da instituição voltada para auditoria e consultoria ainda trouxe informações referentes ao uso de greenwashing, notado por 94% dos investidores.
Para oferecer detalhes sobre os casos e realizar a terceira edição do estudo foi necessário escutar aproximadamente 340 investidores e analistas. De acordo com Mauricio Colombari, sócio da PwC Brasil, “o fato de 94% dos investidores entenderem que os relatórios de sustentabilidade contemplam algum tipo de divulgação não suportada por ações ou fatos (greenwashing) é um dado muito emblemático e indica que mudanças são necessárias na forma como as empresas vêm divulgando as informações de sustentabilidade.”
Uma das principais reclamações de 2022, de acordo com o levantamento, foi relacionada à economia, em especial a inflação. Durante 2023, os entrevistados visualizam os ataques cibernéticos e os riscos climáticos como tópicos a serem averiguados.
Para Colombari, “a pesquisa deixa claro que existe uma gama importante de temas que os investidores levam em consideração ao investir em uma empresa. Além dos temas de sustentabilidade, os investidores consideram atributos como a competência e também o histórico da administração. De forma geral, a pesquisa revela uma seletividade cada vez maior, e um desafio para as empresas demonstrarem que estão avançando em assuntos relevantes e diversos.”
A partir da pesquisa foi possível notar o impacto da tecnologia para a escolha dos investimentos, uma vez que 59% dos investidores percebem que este é um dos motivos que influenciam as empresas a se estruturarem nos próximos anos. 70% dos investidores percebem a Inteligência Artificial (IA) como extremamente relevante para as instituições.
Meio ambiente e sustentabilidade
A sustentabilidade é tida como um dos tópicos essenciais de análise, quando averiguado o parâmetro mundial. 75% dos entrevistados destacam a maneira como a instituição realiza a gestão de riscos e as chances voltadas para o assunto como essenciais para a tomada de decisão dos investidores. O valor percebido em 2023, no entanto, foi menor (4%) em comparação ao ano anterior.
Devido a este ambiente de desconfiança, os investidores têm buscado os reguladores. Ao checar os dados globais, foi possível observar a importância que a inserção de padrões e regulamentos definidos de relatoria, como o brasileiro criado pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM), e ISSB (International Sustainability Standards Board), possuem para que os investidores tomem suas decisões em relação à instituição.
57% deles encaram essa movimentação como um auxílio para a escolha. No exterior, os investidores buscam entender se as instituições estão seguindo os compromissos ESG (ações ambientais, sociais e governança).
Colombari destaca a necessidade de destacar que as normas e os regulamentos estão direcionados para as medidas e os dados que precisam ser divulgados em relatórios e não estão conectados com as ações que esta instituição realiza sobre o assunto sustentabilidade.
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Variantes do greenwashing e seus impactos contra os pilares ESG
“Acredito que as normas podem ser um instrumento interessante para que as empresas dêem alguns passos para trás, e reavaliam, por exemplo, a estrutura de governança para monitorar os temas de sustentabilidade, a estratégia em relação a esses temas e seus riscos”, pontua.
Para os investidores, é relevante conhecer mais informações sobre a empresa e o impacto que exerce para a população e o meio ambiente. Cerca de 75%, da análise nacional e global, entendem que as empresas precisam revelar, em valores, o impacto que provocam. O mesmo tópico foi considerado por aproximadamente 68% dos entrevistados em 2022.
Greenwashing
O termo é utilizado para classificar a ação de empresas que revelam informações falsas em relação às medidas de sustentabilidade. Um exemplo recorrente é quando as instituições divulgam produtos como sustentáveis e não fornecem dados que revelam os motivos para ele, na realidade, não ser.
É uma forma da instituição atestar que é sustentável e que atua de forma positiva em relação ao tema, mas que ao final, não é a forma como se comporta. Ao revelar que está atuando para reduzir as emissões de CO2, mas não informa sobre os dados que comprovem essa divulgação, a empresa está colocando o greenwashing em prática.
Fonte: Exame
Autor: Fernanda Bastos