Segundo especialistas do setor empresarial que participaram do Summit ESG, promovido pelo Estadão nesta sexta-feira (24), a adoção das práticas ESG (Social, Ambiental e Governança, em português) é um caminho sem volta para as empresas.
Eles apontam que, além da ótica de conscientização, sobre o impacto das ações no meio ambiente e nas comunidades, por exemplo, a questão financeira também entra em evidência nas companhias. Isso porque, além de obterem resultados melhores quando são mais responsáveis, no momento em que vão conceder empréstimos, às instituições financeiras e os fundos de investimentos já estão priorizando empreendimentos que olham com mais atenção para o tema.
O CEO da CBA, presidente do Conselho do Instituto Votorantim e do Conselho Diretor da Abal, Ricardo Carvalho, explica que “Há sempre (empresas e CEOs) mais preparados e menos preparados. Mas acho que ninguém tem mais dúvidas que precisamos estar preparados, é irreversível. Isso porque a sociedade percebeu e está cobrando empresas, influenciando até mesmo produtos. Mecanismos de financiamentos priorizam ESG. Se o CEO não está preparado, precisa ter certeza de que precisa estar“.
Ainda no evento, Arthur Ramos, diretor executivo e sócio da prática de Energia do BCG Brasil, acrescentou que, atualmente, não é mais viável criar estratégias que não considerem as práticas ESG. Independentemente que o trabalho não impacte de maneira negativa e direta, a empresa deve se atentar se os parceiros ou financiados possuem os mesmos cuidados.
“Toda empresa cada vez mais investiga a licença para operar. É uma empresa que contribui para o meio ambiente? Não se executa sem pensar em governança e bons processos decisórios. Tudo isso afeta o CEO e os conselhos“, diz.
Como o lucro deve caminhar em equilíbrio com as boas práticas empresariais foi outro ponto levantado no debate. Marcela Argollo, sócia da All For You e professora da FGV, expôs que “A partir do momento que focamos apenas no lucro e não no propósito, diretores vão em busca apenas do lucro e não investem em ESG – que tem retorno em longo prazo. Outro CEO vai colher o que plantou de frutos. Mas tem que entender que faz parte da cultura de CEO. É pensar de forma colaborativa“.
De acordo com Cristina Andriotti, CEO da Ambipar Environment, no momento das aquisições, o tema é o principal para as negociações. “Além da reputação, enxergamos a governança da empresa que fazemos aquisição“.
Andriotti ainda complementa que não é somente a longo prazo que possui retorno e que existem retornos mais rápidos para ações focadas em ESG. “Quando você traz ESG para a companhia, o retorno do capital é imediato, com pessoas, talentos e preservação do meio ambiente.”
A retenção de talentos também entrou na pauta do debate. Segundo Ricardo Carvalho, CEO da CBA, quem chega hoje às empresas também está preocupado sobre como os impactos podem chegar à sociedade.
“O fato de já estar inserido em ESG também é um motivo de atração de talentos.” Arthur Ramos, do BCG Brasil, concluiu que os jovens estão muito abertos a este tema. “A batalha por talento é uma batalha essencial.”
Fonte: Terra