Os investidores, assim que escolhem o caminho para os seus ativos, tendem a possuir um pensamento voltado para o lucro que esta ação causará, assim como para a integridade das empresas envolvidas e que receberam os investimentos.
Se preocupam com os resultados do investimento em relação ao quesito socioambiental e como as instituições se organizam internamente para se manter funcionando. Sendo assim, olham detalhadamente para o ESG.
Para o financeiro é um desafio, visto que necessitam de dados precisos e que comprovem o que foi atestado, para que possam avisar os clientes. E ainda possuem a falta de padronização global como outro desafio. Dessa forma, as instituições financeiras que usam as metodologias e métricas para encontrar e atestar as credenciais em ESG possuirão mais um ativo para organizar os negócios e as vendas deles.
Segundo Carmem Albuquerque, diretora executiva da Capco, “o trabalho de fornecer dados ESG por si só já é bastante desafiador, mas é ainda mais complexo devido a regulamentos fragmentados em todo o mundo e metodologias muitas vezes divergentes entre si, o que impede avaliações claras e confiáveis.”
Até o momento, um padrão único utilizado por todos os países não foi criado e reconhecido. Portanto, é necessário seguir com um escopo criterioso para os dados ESG, sendo importante haver um nível alto de detalhes e informações necessárias.
Dessa maneira é possível compreender como os dados de outros precisam ser obtidos, como na ocasião de fornecedores e parceiros.
Pedidos por informações ESG aumenta
Especialistas entendem que o pedido por uma qualidade maior nas informações apenas aumentará. O fato foi atestado após investigação sobre o assunto a partir do artigo Redesigning Data Assimilation and Sourcing Strategies” (Redesenhando a Assimilação e as Estratégias de Fornecimento de Dados), divulgado pela SG Capco Journal of Financial Transformation nº 56, da Capco.
A instituição é conhecida por ser uma consultoria de tecnologia e gestão voltada para a área de serviços financeiros do Grupo Wipro.
Os especialistas ainda visualizam que as informações estão sendo cada vez mais comercializáveis e mais importantes para as empresas.
Carmem ainda revela que “com o aumento da demanda por esses dados, o potencial para comercializá-los também será maior e nesse contexto, podem surgir informações e fontes pouco ou nada confiáveis. Por isso, o cuidado com as ações ESG deve sempre estar no topo das prioridades das empresas”.
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Atualmente o mercado de dados ESG tem um aumento anual de 28%, chegando a US$ 1,3 bilhão em 2022. A estimativa é que até 2025 chegue a US$ 5 bilhões.
Albuquerque revela que “Se no passado levava-se em conta apenas o risco do investimento e o acordo entre a instituição financeira e o investidor, hoje a percepção é muito mais ampla e entende-se que as empresas de serviços financeiros têm responsabilidade com a sociedade em geral e o planeta. Por isso, deve considerar o impacto dessas atividades”.
“Assim, precisam precificar os efeitos de seus negócios nos produtos e serviços que oferecem, mas considerando uma modelagem de risco de perspectiva mais ampla”, conclui Carmen.
Falta de padrão único e universal
Esse redesenho dos dados ESG em instituições de serviços financeiros é importante, visto que não há ainda um padrão único. Para obter as informações é preciso que a empresa se debruce na análise de dados que contenham questões financeiras e os que mostram o impacto da ESG.
Alguns dos fundamentos dos dados ESG estão ligados ao 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que buscam erradicar a pobreza, educação de qualidade, a igualdade de gênero, a agricultura sustentável, saúde e bem-estar, energia limpa, trabalho e crescimento econômico, industrialização, redução de desigualdades, água potável, ações voltadas para redução da crise climática, e mais.
Ainda que haja muitos pontos, as informações não são suficientes para efetivar um conjunto de métricas para informar um resultado auditável.
Na visão da diretora executiva, “os dados confiáveis são importantes para saber o tamanho do impacto de ações que se classificam como ESG e para saber se realmente as ações seguem essas políticas. Infelizmente, há quem faça greenwashing, que é a divulgação de dados falsos sobre ações ambientais, por exemplo, que não passam de puro marketing”.
Algumas regulações e normas estão sendo estruturadas ao mesmo tempo em que os bancos e empresas de serviços focam numa consideração de fatores ESG. Ainda assim, é preciso entender o que realmente importa num cenário onde há vários produtos sobre a agenda. Pensar nesse ponto evita o exagero nas credenciais verdes e impede que as empresas percam credibilidade.
Reino Unido
O Reino Unido, através da Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA), foi o primeiro a agir para trazer diretrizes sobre ESG e criou o Código de Reivindicações Verdes.
Agora mais de 1,3 mil grandes instituições precisam revelar as informações financeiras sobre clima por meio do Regime de Divulgação de Sustentabilidade (SDR).
O fato comprova que o assunto tem sido importante e que há movimentações dos países para obter um único padrão. A Fundação IFRS tem tentado criar as normas internacionais de contabilidade e já instaurou um órgão para fazer com que as normas de sustentabilidade sejam utilizadas mundialmente, conhecido como ISSB (Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade).
A Organização Internacional de Valores Mobiliários (IOSCO) já apoiou que o Conselho de Normas Internacionais de Auditoria e Asseguração (IAASB) e o instituto de normas internacionais de ética para a área contábil (IESBA) ajam, juntamente com ISSB, para instaurar normas que ofereçam dados de sustentabilidade.
No Brasil, a NBC TO 3000 é utilizada no lugar da ISAE 3000 para garantir a existência de informações não financeiras. A norma brasileira ainda é abrangente, portanto, o Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) publicou o Comunicado Técnico nº 03/2022 para ajudar os auditores do Brasil.
A atenção para os dados ESG é um caso especial e esse pode ser considerada um novo tipo de dado para serviços financeiros que oferecem consequências a longo prazo para as empresas.
Fonte: Terra
