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Cosan defende a descarbonização como uma indústria e a negociação de soluções locais

Cosan defende a descarbonização como uma indústria e a negociação de soluções locais
A COP28 teve como tema central a eliminação dos combustíveis fósseis, ação essencial para conter as mudanças climáticas segundo a ciência.

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Mais um vez, o setor privado marca presença na Cop, conferências do clima da ONU. Na 28° edição, realizada em Dubai, nos Emirados Árabe, a conferência teve como tema central a eliminação dos combustíveis fósseis, ação essencial para conter as mudanças climáticas segundo a ciência. 

Embora a ciência seja clara sobre a necessidade de eliminar os combustíveis fósseis, os empresários reconhecem que uma transição abrupta seria inviável.

Acredito que é impossível que os combustíveis fósseis desapareçam da noite para o dia e acho que essa ficha já caiu para todo mundo, então o que é importante entender qual é a forma de construir uma transição que permita um phase out [do inglês, eliminação gradual] dos combustíveis fósseis”, afirma Paula Kovarsky, vice-presidente de estratégia e sustentabilidade da Raízen, joint-venture entre a brasileira Cosan e a anglo-holandesa Shell que atua com biocombustíveis.

Segundo Kovarsky, uma tendência é o drop in, que significa misturar combustíveis de fontes renováveis com os combustíveis fósseis, visando a redução deste segundo – correspondendo a uma diminuição das emissões de gases do efeito estufa (GEE).

Permitindo, assim, que isso seja feito de uma forma faseada, economicamente viável, usando a infraestrutura existente”, disse a vice-presidente.

Brasil: potência mundial em biocombustíveis

O CEO da Cosan, Luis Guimarães, reforça que já existe essa mistura. É o caso do biometano, misturado ao gás natural, disponível nas redes de distribuição. Indo de encontro com essa movimentação mundial que já ocorre em países como a Índia e os Estados Unidos, que já se preparam para escalar a alternativa.

De acordo com Guimarães, não há apenas uma alternativa, e a sociedade deverá se acostumar com uma série de saídas para essa questão.

Ele afirmou: “Acho que a próxima grande onda que o Brasil vai poder contribuir com o mundo combustível sustentável de aviação, o famoso SAF, porque ele tem característica exatamente igual ao JET (combustível tradicional), só com uma pegada de carbono muito menor”. 

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É incontestável que o Brasil possui potencial de se tornar uma referência de biocombustíveis. Contudo, a produção precisa aumentar consideravelmente com investimento a longo prazo. 

É aí que entra a importância de programas como o RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis, sob a Lei nº 13.576/2017, que tem como objetivos principais: auxiliar no cumprimento dos compromissos brasileiros, segundo o Acordo de Paris, promover o crescimento dos biocombustíveis e a sua regulamentação – além de assegurar a previsibilidade do mercado.

O RenovaBio incentiva a infraestrutura, ou seja, o investimento a longo prazo por meio de confiança ao investidor, ter o framework regulatório e a segurança jurídica no Brasil que é muito importante que os investimentos sejam feitos pelos brasileiros e mundo afora. Assim, acredito que o Brasil pode ser um protagonista extremamente importante nessa transição e ser a potência verde nesse próximo século”, disse Guimarães.

A regulamentação no mercado de carbono

Segundo Kovarsky, é crucial estar atento aos padrões internacionais de regulação desse mercado. “Nós queremos objetivamente poder exportar essa vantagem competitiva e capturar o valor dela aqui fora, é fora do Brasil onde o crédito de carbono tem que ser o maior valor”, afirmou a vice-presidente.

Ela acrescentou: “Tudo que fizermos no Brasil em termos de certificação precisa ser reconhecido pelo mercado internacional para que possamos capturar esse valor. E, assim, achamos que o mercado regulado demore um pouco mais para se consolidar, mas temos uma série de oportunidades”. Kovarsky destacou os acordos bilaterais como exemplos de como o mercado de carbono tem se estruturado no Brasil.Por fim, Guimarães afirmou que “temos que encarar como brasileiro, como governo e como iniciativa privada que isso é uma indústria. Temos que estar na mesa de negociação para construir regras para que as nossas soluções sejam comercializadas. Hoje, existe um desconto do crédito brasileiro em relação ao mercado global e precisamos fechar essa lacuna para garantir que venha riqueza para o povo brasileiro, para que possamos tirar milhões de brasileiros da pobreza e garantir que a Amazônia seja viável economicamente”.

Fonte: EXAME

Autor: Fernanda Bastos e Rodrigo Caetano