Impactado pela guerra da Rússia, a Europa busca outros caminhos para não depender do gás natural russo. Esse esforço está ocasionando o direcionamento de bilhões de dólares para a criação de um mercado para hidrogênio com pouco uso de carbono.
O combustível alternativo ficou mais competitivo, se considerarmos o valor, uma década antes do imaginado, segundo a BloombergNEF. Sendo assim, empresas e governos estão se juntando para fazer com que o hidrogênio supra os combustíveis fósseis em transporte, fábricas e aquecimento.
De acordo com Phil Caldwell diretor executivo da Cares Power Holdings, instituição do Reino Unido voltada para tecnologia de hidrogênio, afirma que “é uma espécie de ponto de inflexão. Você verá esse capital chegando em grande escala agora. Não há como voltar atrás.”
Mesmo com ações da Rússia contra a Ucrânia, muitos dos seus críticos ainda dependiam do gás e petróleo para garantir o bem da economia. A Europa está se esforçando para não continuar com a dependência.
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Um projeto de US$ 50 bilhões organizado pelo Fortescue Metals para abastecimento de hidrogênio com a empresa alemã E.On. A instituição Scatec da Noruega está no processo de construção de uma planta de produção de US$ 5 bilhões. Já o fundo Hy24 está encaminhando US$ 1,6 bilhão para infraestrutura.
Mesmo com os olhares já estarem voltados para o hidrogênio há um tempo, a guerra aumentou o interesse dos investidores pensando na importância da segurança energética. Para Andrew Forrest, bilionário fundador da Fortescue, “isso acelerou os fluxos de dinheiro”, disse Forrest em Londres. “Depois que os tanques cruzaram a fronteira, não há mais aquela consciência em ação na mente das pessoas. É uma necessidade física e fiscal.”
Durante uma reunião organizada pela BNEF foi possível definir que 93% dos usuários, investidores de hidrogênio e produtores esperam que a guerra aumente a produção de indústria de hidrogênio verde. O hidrogênio verde geralmente é mais custoso para produzir do que o comum, feito de gás natural. De acordo com os especialistas da BNEF, o hidrogênio verde originado de máquinas eletrolisadoras conduzidas por energia solar e eólica, passaria a ser competitivo em relação a valores com o produto baseado em combustíveis fósseis.
Para o diretor comercial da Orsted, Martin Neubert, “sem dúvida, a viabilidade do hidrogênio renovável melhorou significativamente”. Hoje a empresa é a maior organizadora de parques eólicos marítimos do mundo.
Fonte: Exame