A demanda dos consumidores por produtos e serviços que respeitam o meio ambiente e a dignidade humana já são uma realidade no mercado mundial e, em particular no Brasil. É o que explica Leana Mattei, fundadora da Aganju, consultoria especializada em sustentabilidade e impacto social que acaba de entrar no Pacto Global da ONU.
“Já existem pesquisas que indicam o interesse do consumidor em pagar até 30% mais por um produto se ele for realmente sustentável”, contou ela ao jornalista Donaldson Gomes, durante a participação no programa Política & Economia, veiculado ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas).
Ela também alerta que nem tudo que parece ser sustentável é:
“Hoje a gente fala muito de greenwashing (‘lavagem verde’), de ESG washing, que é quando a gente vê empresas com narrativas muito bonitas, surfando nesta onda, mas que nem sempre correspondem a essa realidade prática”.
Lea lembra que, há 24 anos, quando começou sua trajetória com movimentos sociais e ambientalistas, o conceito ESG ainda não existia. Ainda cheia de dúvidas, se voluntariou aos 17 anos para atuar em uma campanha nacional em defesa da Mata Atlântica. Formou-se em comunicação e as coisas foram acontecendo, lembra.
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“Sempre pulsou em mim o desejo de ser útil, de olhar para o mundo ao meu redor e fazer algo que fizesse sentido para as pessoas”, conta. E foi assim que ela chegou ao que “sabe e gosta de fazer na vida”.
Em sua opinião, existem alguns equívocos relacionados à área de ESG atualmente. “Tem muita gente que me procura para dizer que gostaria de trabalhar na área, querendo saber que curso fazer, mas eu sempre digo que o primeiro passo é saber qual é a sua intenção, como você quer contribuir”, declara.
Ela também diz que “quando a gente fala em meio ambiente, sociedade e governança, teoricamente, estamos falando de um conceito muito universal. Isso significa que pessoas de qualquer setor, de qualquer empresa, precisam fazer algo para que o ESG seja real.” “Temos experiências práticas em todos os negócios, desde os menores até os maiores”, completa.
A agenda ESG traz uma grande mudança ao destacar que a busca por uma atuação responsável não pode ser limitada a uma área da empresa. Não há um caminho simples e garantido para o sucesso fácil nesse contexto.
“Quando a gente pensa na formação de um consultor de ESG, aí é preciso pensar mesmo numa capacitação e hoje temos vários cursos, alguns mais longos, outros curtos, mas eu receio um pouco da ideia de criar uma receita de bolo. Não dá para dizer que em cinco passos a pessoa vai se tornar especialista”, avisa.
De acordo com Leana, é importante que haja uma formação prática em paralelo a formação teórica. “Não dá pra fazer ESG no nosso escritório, no ar condicionado, com nossa canetinha Mont Blanc”, diz.
Fonte: Correio 24 horas