Um estudo organizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil revelou que aproximadamente 59% das empresas associadas já fizeram alguma análise sobre os efeitos que causam para a crise climática. Para chegar ao resultado foi preciso ouvir 160 instituições. Apesar do número, poucas empresas se preocupam com a Amazônia, ainda que atue como um dos grandes reguladores de clima do mundo.
A instituição Pulse de Cenário de Empresas e Amazônia, através de um levantamento, ainda conseguiu destacar que 79% dos entrevistados nunca checaram os riscos da cadeia de fornecedores e alinharam esse impacto com o desmatamento que provocam na floresta tropical.
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De acordo com a COO e Diretora de Impacto do Pacto Global da ONU no Brasil, Camila Valverde, “considerando que o bioma é de extrema relevância para regulação climática mundial, desenvolver ações e ferramentas para o setor privado avançar nesta agenda é importantíssimo.”
Ação do Pacto Global da ONU no Brasil
Para alterar esta realidade, a organização lançou o Movimento Impacto Amazônia no último dia 14 de setembro durante o evento SDGs Brazil, em Nova York (EUA). Esta foi a nona movimentação dada em prol do programa Agenda 2030, onde a organização escolhe assuntos necessários para as empresas focarem.
Dessa forma, a ação da vez não é direcionada apenas para as instituições que atuam com o bioma. Segundo Valverde, “mais de 82% da demanda de produtos que contribuem para o desmatamento da Amazônia vem de fora da região, parte do exterior, mas também de outras áreas do Brasil”.
O objetivo principal é destacar quem não está na região mas que pode estar afetando o meio ambiente e contribuindo para o desmatamento.
Para divulgar o movimento foi preciso realizar uma pesquisa, onde foi possível analisar que somente 32,93% das instituições têm algum mecanismo que garanta de onde veio os produtos e insumos que utiliza. Ou seja, menos da metade das empresas possuem algum tipo de sistema para rastreamento ou tecnologia que possibilita analisar a origem e a fonte.
“É nesse gap que queremos trabalhar. Teremos ferramentas, treinamentos e ações específicas para quem trabalha com o bioma diretamente, mas também para outras companhias que não atuam no Norte do país”, revela Valverde.
Ainda foi possível verificar que 64,63% não possuem, nos contratos com fornecedores, informações específicas sobre o comprometimento com a Amazônia. É válido pontuar que, ao contrário de outras ações da Ambição 2030, esta não está voltada para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Passa a ter caráter transversal em diversos objetivos por estar relacionado ao clima, ao gênero e desenvolvimento econômico, por exemplo. Camila Valverde pontua que “esse movimento foi construído com a participação do Pacto Global da Noruega e tem potencial para ser levado e adaptado a outros países para que eles cuidem da mesma maneira de suas florestas e biomas.”
Como de costume, o Movimento Impacto Amazônia precisa seguir com os compromissos demarcados, são eles:
- Se certificar que as operações e produtos não estejam conectados com o desmatamento;
- Contar com ações que auxiliam a manter a floresta viva.
Para o CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Carlo Pereira, “não queríamos que colocar metas, mas sim aprofundar a discussão, entender no detalhe as causas raízes dos problemas”. Ele reforça que essa ação foi pensada em conjunto e que a instituição se organizou durante um ano antes de lançar oficialmente o Movimento.
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Ainda pontua que “vamos mergulhar em cada setor, mineração, soja, madeira, etc., para estabelecer os compromissos individuais porque entendemos que cada um tem suas particularidades e desafios.”
Com a divulgação, um comitê consultivo ficará responsável pelas entregas e pela criação de ferramentas. A principal proposta, até o momento, está relacionada com a organização de indicadores que possam auxiliar na medição dos resultados de acordo com cada setor. Este é o primeiro da Ambição 2030 que já é lançado com duas instituições comprometidas, Ambipar e Eletrobras.
Para a vice-presidente de Governança, Riscos e Compliance e diretora de Sustentabilidade da Eletrobras, Camila Araújo, “para nós, é uma prioridade estarmos de mãos dadas com o Pacto Global da ONU, a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo.” A instituição é ativa no Movimento Transparência 100%.
Na visão do diretor de Sustentabilidade da Ambipar Group, Rafael Tello, a escolha de seguir o Movimento Impacto Amazônia ocorre por entender a importância que a manter a floresta viva tem para as pessoas e como priorizar os recursos de forma responsável é necessário.
“Entendemos os desafios e estamos muito confiantes de que o movimento terá os recursos necessários para lidar com os obstáculos de promover o desenvolvimento da região”, finaliza.
Outras instituições, como o Ministério Público Federal Também foram procurados pelo Pacto Global para que fosse possível realizar parceria e criar grupos que vão ajudar com as respostas para os problemas atuais.
Fonte: Valor
Autor(a): Naiara Bertão