A Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) da União Europeia está reformulando os registros de desempenho nos âmbitos ambiental, social e de governança (conhecidos como ASG em português ou ESG em inglês).
A partir de 2024, quase 50 mil companhias estão obrigadas a prestar contas sobre sustentabilidade, englobando organizações internacionais com filiais operando ou listadas em mercados regulados nesta região. Este é um ponto de grande relevância para inúmeras empresas no Brasil.
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O primeiro conjunto de Projetos de Normas Europeias de Relato de Sustentabilidade (ESRS) do CSRD foi divulgado. Estas normas são notavelmente mais rigorosas em relação à amplitude e profundidade dos requisitos de divulgação, se comparadas com a atual Diretiva de Relato Não Financeiro. As empresas impactadas devem, a partir de agora, reportar conforme os ESRS e apresentar métricas e objetivos para numerosos indicadores.
Igualmente, a International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS) revelou recentemente um conjunto inovador de exigências, com o propósito de oferecer aos investidores informações transparentes e claras referentes à sustentabilidade corporativa, bem como aos riscos e oportunidades associados às questões climáticas.
Um marco significativo na visão do International Sustainability Standards Board (ISSB) é a publicação das duas primeiras Normas IFRS para Relatórios de Sustentabilidade (IFRS® Sustainability Disclosure Standards).
Nos últimos vinte anos, houve um crescimento no escopo e na relevância dos relatórios ESG, com uma integração cada vez maior dessas informações aos dados financeiros convencionais. Esse movimento está alinhado com a tendência que temos notado, em que os resultados financeiros estão sujeitos a influências de fatores ambientais e sociais. Esses fatores necessitam ser considerados quando se avalia o desempenho financeiro de uma empresa.
Empresas e profissionais que elaboram relatórios corporativos, financeiros ou não, devem agora acompanhar essa agenda com maior intensidade. As mudanças serão frequentes e a integração mais clara, exigindo conhecimento e sistemas de gestão mais avançados do que o usual nas organizações.
Embora frequentemente considerados como uma atividade secundária na administração dos aspectos ESG e sua fusão com a estratégia empresarial, os relatórios corporativos são, na verdade, documentos preparados pelas empresas e sujeitos a validação e garantia. Eles passam por análise de diversos profissionais de mercado, especialistas e influenciadores.
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Nesse sentido, no âmbito ambiental, além de monitorar o seu desempenho em relação aos impactos climáticos, economia circular e emissões de gases de efeito estufa, as empresas precisam também ser transparentes em relação às estratégias para combater a perda de biodiversidade e a gestão cada vez mais crucial dos recursos hídricos.
Desafios sociais, como a qualidade de vida dos colaboradores, políticas de inclusão e a governança diversificada, bem como monitorar condições de trabalho na cadeia de fornecimento, são parte central da nova Responsabilidade Social Corporativa e das diretrizes da União Europeia.
Além disso, as divulgações que abrangem políticas de conduta comercial, como corrupção, prevenção de suborno, atividades de lobby e práticas de pagamento, são contempladas nos padrões de relatórios corporativos de várias maneiras.
Considerando o contexto da Responsabilidade Social Corporativa (RSC), é vital que as organizações se preparem, uma vez que possuem apenas um ano antes do início do primeiro período de referência. Isso envolve passos-chave, como formar um grupo de trabalho, estabelecer uma estrutura de governança liderada pelo conselho para integrar o ESG aos sistemas de gestão de dados e análise de riscos corporativos.
Com o aumento do escrutínio sobre o desempenho ESG das empresas, os relatórios estão se tornando uma prioridade central. Mesmo empresas que estão bem avançadas nesse aspecto precisarão fazer melhorias substanciais na forma como coletam, processam e divulgam informações relacionadas a questões ambientais, sociais e de governança em toda a cadeia de valor.
A adaptação contínua às regulamentações em constante evolução relacionadas à sustentabilidade é agora uma necessidade estratégica tanto para as organizações quanto para a sociedade em geral.
Fonte: Exame
Autor: Nelmara Arbex