Diversidade e ESG: importância do tema por uma perspectiva financeira

Diversidade e ESG: importância do tema por uma perspectiva financeira
Ainda com base em dados dessa mesma pesquisa, pelo menos 5,5% dos lares brasileiros têm ao menos uma pessoa LGBTQPIAN+. 

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Como apresentar a importância do tema LGBTQIA+ por meio de uma perspectiva financeira? 

Para começar, vale citar dados do estudo “Comunidade LGBTQPIA+: o que está em jogo” da empresa de pesquisas NielsenIQ, que mostra a estimativa do poder de compra dessa população no Brasil que movimentou R$ 10,9 bilhões em compras no varejo e comércio eletrônico no período de 12 meses (março/2021 a março/ 2022). Isso representa 5,5% do consumo dos lares brasileiros no período, com um gasto médio 14% maior que o geral.

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Ainda com base em dados dessa mesma pesquisa, pelo menos 5,5% dos lares brasileiros têm ao menos uma pessoa LGBTQPIAN+. 

O estudo contou com a participação de representantes de 8 mil residências no Brasil, em uma amostra representativa do perfil populacional brasileiro, além de 2,3 mil consumidores on-line. Esse potencial de consumo e investimento pela população LGBTQPIAN+ tem sido chamada de “Pink Money”, termo que caracteriza a comercialização de produtos e serviços para esse público. 

Isto é, deixar esse assunto de lado, achar que o que cada um faz na sua vida pessoal é problema seu e usar isso como desculpa para não debater sobre como os movimentos sociais, a cultura e a diversidade sexual são importantes para o seu negócio, assim como sobre sua atuação no mercado financeira, é, antes de tudo, um grave erro estratégico. 

Falar sobre Gestão para diversidade é estratégico para os negócios, e não se pode dar o luxo, em meio a um contexto de sociedade tão complexo e interconectado, sedimentado na 4ª Revolução Industrial, de fazer uma gestão empresarial como a dos nossos antepassados. Tenho dito isso constantemente como especialista, junto a CEOS e Conselheiros de Administração em grandes empresas.

Dito isso, é essencial entender o mínimo sobre diversidade sexual e seus pilares básicos – que continuam gerando dúvidas ou erros de entendimento em nossa sociedade – como o sexo biológico do nascimento, a orientação sexual, a identidade de gênero e a expressão de gênero.

Estes assuntos e conceitos podem contribuir para te tornar um líder mais humano no dia a dia, mais justo, ético, mais alinhado às práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), e principalmente, não perder oportunidades de negócios. 

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Entendo alguns conceitos

  • Sexo biológico do nascimento: é o conjunto de características do sexo físico com as quais você nasceu e desenvolveu, como órgãos genitais, forma do corpo, tom de voz, hormônios, cromossomos, etc. São definidos no momento do nascimento por outros indivíduos e comumente conhecidos como Homem/Masculino e Mulher/Feminino. Existem também as pessoas intersexuais, ou seja, que nasceram com o seu sexo biológico definido como sendo entre os sexos masculino e feminino. 
  • Identidade de gênero: a identidade de gênero de uma pessoa está relacionada a autopercepção e identificação ou não com o sexo biológico designado no momento do nascimento. Dessa forma, são chamadas de cisgênera a pessoa que se identifica, autopercepção e identificação ou não com o sexo biológico designado no momento do nascimento e de transgênera (travesti e transexual) as pessoas que não se identificam com o seu gênero, definido com base em seu sexo biológico. 
  • Orientação sexual: possui relação com a experiência de afetividade e/ou atração sexual que uma pessoa sente por outras. Ou seja, se alguém se sente afetivamente, emocionalmente e/ou sexualmente atraído por uma pessoa do sexo oposto ao seu, ela é uma pessoa heterossexual. Já se a atração seja por pessoas do mesmo sexo, sua orientação é homossexual, e assim por diante.

Também é muito importante compreender que existem cerca de 14% de Lésbicas, Gays e Bissexuais na sociedade brasileira, segundo estudos como o Ipsos Global Advisor|LGBT+ Pride 2023, que analisou dados globais de pelo menos 30 países. A análise mostra que há cerca de 3% de pessoas transgêneras e não binárias no Brasil, reafirmando o levantamento da Unesp, Estudo Pioneiro na América Latina (2021), que apontou 2% para essa mesma parcela da população no Brasil.

É importante ressaltar que estamos considerando as pessoas autodeclaradas, quer dizer, esses dados apontam que os percentuais possivelmente são maiores. Estamos falando de muita gente. Do ponto de vista prático, se sua empresa tem 1.000 funcionários, provavelmente cerca de 100 são LGBTQPIAN+.

Por esse motivo, mantenho esse tema como mote deste artigo, visando chamar sua atenção de que falar sobre pessoas LGBTQPIAN+ é fundamental para o seu negócio hoje, e será cada vez mais.

Mais e mais estudos estão surgindo, mais pessoas se autodeclarando dentro dos tópicos de diversidade sexual, a pressão social está aumentando, está surgindo mais demanda por respeito e acolhimento dentro das empresas, tanto por parte de profissionais LGBTQPIAN+ como também de aliadas e aliados.

Fonte: Invest News

Autor(a): Liliane Rocha