A Capital for Climate, conhecida como uma aceleradora de investimentos, fez no último dia 25 de abril a primeira Cúpula de Investimentos em Soluções baseadas na Natureza (NbS), voltada para oportunidades de investimentos em biomas do país.
Segundo Tony Lent, cofundador da Capital for Climate, “embora em nível global as NbS representem um terço das oportunidades totais de redução de emissões para o Net Zero até 2050, no Brasil a proporção é mais que o dobro disso.”
Ele destaca que “se realizado corretamente, com seu sofisticado mercado de capitais e indústria agrícola, em comparação com outras regiões tropicais de alta floresta, o Brasil pode se tornar o maior mercado para investimentos em NbS no Hemisfério Sul.”
Com o encontro haverá a apresentação do Brazil Nature-based Solutions (NbS) Investment Collaborative, que será visto como uma parte da aceleradora pensada para oferecer chances de investimentos para o país e com o selo NbS.
Um levantamento da Systemiq Brasil para a Aya Earth, nomeado de “The Amazon’s Marathon”, cerca de 73% das emissões de gases do efeito estufa (GEE) partem do desmatamento de florestas e da área agrícola.
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Para Lent, “acelerar a implantação em larga escala de NbS no Brasil nesta década poderia reduzir rapidamente essas emissões e também devolver as florestas brasileiras ao seu papel de grandes absorvedores de carbono,geradoras de chuva para o Brasil e estabilizadoras do sistema climático da Terra.”
Já o CEO da Easy Access Trading (EAT), Patrick Funaro, informou que “no setor agrícola existem oportunidades comerciais promissoras que oferecem uma alternativa econômica ao desmatamento a partir da conversão agrícola, além de fornecer economia sustentável para pequenos proprietários de terras e comunidades florestais”.
A Easy Access Trading (EAT) é conhecida hoje por ser uma plataforma de financiamento de agronegócios. Ela foi instaurada em 2018 e já realizou investimentos altos na América Latinal, cerca de US$ 400 milhões. Deste valor, cerca de 70% foi direcionado ao Brasil.
Além disso, um terço dos valores são direcionados para iniciativas que possuem o selo NbS. “Nosso foco não é apenas em NbS, mas o que vimos nos últimos meses é que a tecnologia que temos pode impulsionar produções que conciliem as melhores técnicas de preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas”, detalha Funaro.
Para o responsável por idealizar o Capital for Climate, o pensamento de organizar o fórum no país parte da vontade de organizar e estruturar um centro de investimentos em NbS no Brasil. Com isso, a iniciativa servirá para auxiliar os investidores a encontrar os projetos corretos e promissores.
Atualmente a plataforma possui investidores do porte de BTG Pactual, JPG, EAT, o IFC (unidade de investimento do Banco Mundial) e Vert Capital. Lent ainda afirma que “o colaborativo servirá como uma ligação estratégica ancorada regionalmente para o capital internacional de grande escala para obter oportunidades e investir nas NbS brasileiras.”
A iniciativa tem o The Finance Hub da The Gordon and Betty Moore Foundation como financiador.
“Já existem instituições de investimento com mais de US$ 8,6 trilhões sob gestão, comprometidas com uma gestão de portfólio livre de desmatamento e positiva para a natureza. A McKinsey estima que só o mercado brasileiro de carbono pode valer US$ 100 bilhões em cinco anos. Com base em discussões contínuas com investidores, a Capital for Climate estima que o investimento da NbS pode se tornar uma fonte multibilionária de investimento internacional no Brasil nos próximos três anos”, revela Lent.
Ainda destaca que “o agronegócio, incluindo a expansão da produção de carne bovina e soja, tem sido uma importante fonte de crescimento econômico e geração de riqueza no Brasil nos últimos 30 anos. Esse crescimento teve enormes custos ambientais e sociais. Agora, as soluções baseadas na natureza estão se tornando bem posicionadas como o próximo pilar central do crescimento econômico do País até 2050 e além.”
Fonte: Valor
Autor(a): Eliane Sobral