A criação do Pacto Global da ONU se deu em 2000 pelo então secretário das Nações Unidas Kofi Annan. A proposta tem como meta envolver as empresas a adequar suas estratégias e operações aos Dez Princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção.
O Brasil é um país considerado desafiador quando falamos em empreendedorismo. Já na abertura da empresa, o empresário ou CEO precisa encarar uma série de despesas, tributações e burocracias que se tornam uma verdadeira batalha na jornada até que a empresa seja consolidada.
Com todos esses fatores, a maioria das empresas não pensam em empregar esforços voltados para questões sociais e sustentáveis como o Pacto Global da ONU. Contudo, atualmente, esse é um compromisso que já não podem mais deixar em segundo plano.
De acordo com dados do Mapa de Empresas do Ministério da Economia de 2022, o Brasil conta com mais de 8,4 milhões de empresas em atividade – excluindo da lista o MEI (Micro Empreendedor Individual). O Pacto Global da ONU no Brasil alcançou um número recorde de 1.900 membros, representando cerca de 9,5% do número geral de assinantes no mundo.
Certamente, essa conquista é importante e está em consonância com o movimento global que, de certa forma, cobra o setor privado a ter um compromisso maior com as questões ambientais, sociais e de governança (sigla ESG, em inglês). Ainda assim, o número é muito baixo pois representa apenas 0,025% das empresas brasileiras preocupadas com a causa.
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Ao aderir ao Pacto Global da ONU, a empresa assume, voluntariamente, metas e compromissos focados em promover o crescimento sustentável e a cidadania. É importante que essas metas sejam realistas e alcançáveis, podendo ir desde a contratação inclusiva de funcionários até a contratação de frotas de veículos 100% elétrica.
É claro que as mudanças não serão fáceis. Um dos maiores desafios é alinhar as iniciativas sustentáveis com a gestão de gastos e com o objetivo da empresa em apresentar bons resultados financeiros. Mas vale a pena pontuar que o investimento em ações previstas no Pacto Global da ONU mostram rentabilidade não apenas na imagem positiva da empresa, como também no aproveitamento de recursos e ganhando mais apoio de investidores. É possível ser sustentável e lucrativo.
Priorizando agora as ações sociais, as empresas estarão alinhadas às tendências globais e não precisaram fazer mudanças bruscas e urgentes no futuro, questão que pode gerar prejuízos financeiros.
Outro fator importante é que o comprometimento com a iniciativa precisa gerar uma mudança de cultura dentro da empresa, dependendo do engajamento de todos os setores. Com as novas prioridades, como diversidade, inclusão, direitos humanos e meio ambiente, o ambiente corporativo também precisa ser contagiado por essa missão.
Então, promover debates com parceiros que sigam as mesmas diretrizes e construir relações que estão preocupadas com as questões sociais faz toda a diferença.
Obviamente, só uma empresa não é capaz de resolver, sozinha, todos os problemas apontados no Pacto Global que englobam a fome, desigualdade social e aquecimento global. Entretanto, quando a empresa se torna signatária, ela manda um recado de que é consciente das problemáticas e que está fazendo a sua parte de forma ativa para o futuro do Planeta.
Fonte: EXAME
Autor (a): Michel Goya