Um levantamento feito pela mestre em Gestão para Competitividade da FGV EAESP, Monique Cardoso, e Gustavo Andrey de Almeida Lopes Fernandes, professor da instituição, trouxe um saldo positivo para as empresas brasileiras comandadas por mulheres. Isto porque há um bom paralelo entre as líderes mulheres e as ações ESG aplicadas.
A presença feminina, seja nos locais de liderança ou não, é de extrema importância para a agenda ESG. Atualmente, cerca de 11,5% dos postos de administração são de mulheres no Brasil. Durante a pesquisa foi possível ver que com mulheres na diretoria das instituições o desempenho ESG era melhor, e na falta dessa presença a performance era menor.
Relação entre mulheres e sustentabilidade
Alguns tópicos foram analisados com as fontes escutadas, as executivas de cargos elevados das empresas. Os pontos ouvidos foram:
- Compreensão sobre o desempenho em avaliações ESG;
- Pontos positivos e negativos em ocupar postos de liderança;
- Indicadores importantes como o entendimento da relação entre o desempenho em sustentabilidade e gênero em cargos altos;
- Pontos pessoais voltadas para a boa performance em sustentabilidade corporativa.
Ao relatarem o seu ponto de vista, as representantes das empresas com índices altos no desempenho ESG, ressaltaram a importância de ter um gerenciamento igualitário e aberto para discussões. Estar em constante mudança e melhoria, além de ter em mente a questão política, é outro ponto importante.
As executivas de instituições com desempenho ruim destacaram a relevância de acionar e apreciar o time, para moldar bons relacionamentos, o que pode contribuir para uma melhoria na questão da tríade. Três tópicos foram semelhantes nas respostas dos entrevistados:
- a função da maternidade como qualidade profissional e pessoal;
- ter um posicionamento maior na gestão;
- importância do conhecimento constante.
O primeiro gera destaque exatamente por ser continuamente um ponto que afeta muitas mulheres e que as impedem de chegar a postos mais altos.
Igualdade de gênero
Um tópico que entrou em debate foi o machismo, o preconceito de gênero. Grande parte das entrevistadas destacaram a questão de sentirem que são as únicas em altos cargos e durante eventos. Também reforçaram o cansaço em ter que auxiliar os homens em situações de preconceito.
De acordo com Monique, apenas ocupar locais não é o suficiente, é necessário que mais mulheres tenham esse espaço para mudar as estatísticas. “Estar no topo das organizações tampouco blinda as executivas de sofrerem com machismo, descrédito de suas capacidades e falta de reconhecimento”, destaca. Portanto, dizer que a sustentabilidade é o único tópico para a redução de discriminação contra mulheres não é verdadeiro.
O estudo destaca que é preciso que as empresas criem uma proposta que destaque a diversidade em altos postos e uma quantidade maior de mulheres em outros cargos. A ideia é que possam ser parâmetros utilizados para analisar o ESG de uma instituição visto que impactam no desempenho da empresa.
“Não há outro caminho para as empresas que queiram prosperar no futuro do que cuidar dele agora. As empresas estão sendo cobradas por práticas que incluam mais as mulheres. Então, se não for por convicção está sendo por conveniência ou por constrangimento”, finaliza Monique.
Fonte: Portal FGV